Subo nesse palco
- Fernanda Rufino
- 1 de jul.
- 2 min de leitura
Há mais ou menos um ano, iniciei minha jornada como pernalta. Era algo que admirava e queria fazer tinha um tempo, mais precisamente, desde que vi um bloco aqui do Rio de Janeiro formado exclusivamente por mulheres no Carnaval de 2020. Na ocasião, lembro de olhar para cima e ficar encantada com aquelas deusas movimentando-se coreograficamente, parecendo tão seguras realizando algo que eu considerava tão difícil.
Depois disso, veio pandemia e 300 mil coisas….Até que, em 2024, chegou a hora. Em maio, comecei a fazer a Oficina Perna de Pau. Após fazer a matrícula, esperei ainda um tempo até as aulas começarem. Eu não fazia ideia do que estava por vir.
No final do primeiro dia da oficina, eu saí com a sensação de que não seria possível. Vi alguns colegas saírem andando e eu morrendo de medo de dar meio passo para frente rs. Com o tempo e bastante prática, tudo fluiu. O que era para ser algo pontual, virou central na minha vida: minha atividade física, minha vida social, minha serotonina.
Até o ano passado, estava levando a experiência como algo mais voltado para mim mesma, que me proporcionava diversão. Só no Carnaval desse ano que prestei mais atenção no meu entorno e entender que, a minha figura ali naquela situação, poderia também despertar uma experiência para o outro. Comecei a reparar nos olhares de admiração, nas câmeras apontadas, nos pedidos de fotos, nos gritos eufóricos, nas palavras de afeto que nem pareciam para mim, nem parecia eu.
Eu nunca tinha experienciado isso e não fazia ideia dos sentimentos que me provocariam. É doido pensar que, em um momento você está ali sendo amada no meio da multidão e, poucas horas depois, você está em um quarto sozinha com os seus problemas de sempre. Como lidar?
As pessoas que estão te aclamando não sabem quem você é, o que você gosta, quais os seus sonhos, quais as suas competências, da onde você veio, qual sua ocupação…mas estão te aplaudindo. Aplaudindo sua força, sua coragem e sua vontade de viver a vida da forma mais graciosa que ela pode ser vivida.
Hoje, entendi que essa figura ainda sou eu, ou melhor, é uma das personas que descobri que tenho: a de uma pessoa ordinária fazendo algo extraordinário.




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