Supera
- Fernanda Rufino
- 9 de jul.
- 2 min de leitura
Na minha adolescência, namorei um menino que era um querido. Pessoa legal mesmo. E ainda é. Nosso relacionamento foi bem breve, mas marcante, pois proporcionou várias primeiras vezes na minha vida.
Quando a gente terminou, eu fiquei muito mal, sem chão, achei que o mundo fosse acabar. Aqueles devaneios juvenis de quem não sabe realmente o que é problema.
Pouco tempo depois, ele começou a se relacionar com uma menina muito bonita, que tinha beleza até no nome. Ela era conhecida de uma conhecida minha, mas fora do meu círculo social de amizades.
Embora não tivesse contato diretamente com ela, uma pequena grande coincidência nos unia: ela morava no prédio exatamente ao lado do meu. Colado mesmo. E o nome do prédio era Edifício Fernanda. Seria cômico se não fosse trágico rs
Não sei precisar quanto tempo, mas ainda fiquei morando nesse prédio enquanto o namoro deles rolava e comecei a criar um hábito masoquista de espiar pela janela constatemente para ver se os dois passavam. Sim, eu ainda morava de frente.
Nessas espiadelas, lembro que os vi passando algumas poucas vezes e, em todas elas, lembro do meu coração apertado, uma dor quase física de ver aquelas cenas de amor onde uma das partes era alguém que eu jurava que ainda amava.
Muitos anos se passaram, eu segui a vida, namorei outros rapazes, terminei outras vezes e todas foram doloridas. Outras situações igualmente doloridas ocorreram na minha vida e esse sentimento de “não vou conseguir superar” já me acometeu algumas vezes.
E não estou falando só de relacionamentos. Em alguns momentos da minha trajetória, eu achei que não fosse conseguir lidar ou achava que não ia conseguir seguir por conta de algum fato que tinha acontecido.
Só que, ao longo dos anos, vi que a grande maioria das coisas é superável sim. Às vezes, quando está passando por aquele momento de dor, você não consegue racionalizar e enxergar o fim do túnel. Às vezes, o fundo do poço está tão perto que fica inviável alcançar o topo e colocar a cabeça para fora em pouco tempo.
No entanto, o tempo passa, as coisas se ajeitam, a vida segue. E aí, para cada coisa que se passou, você vai ganhando uma “casca” para lidar com a coisa pior que vem em seguida. E aí, aquela outra coisa já não dói mais.
Quando está tudo uma grande merda, eu costumo pensar: “mas consegui superar aquele menino naquela situação merda que eu acompanhava da janela”. Hoje, lembro daquilo como algo distante. Passou. E todo aquele “amor” se transformou em um grande afeto que sinto por esse querido, porque ele realmente é querido e merece tudo de melhor na vida.




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